sábado, 22 de outubro de 2016

Beneficiamento de Grãos



Agromodelismo

Muitos modelistas nunca ouviram falar desse termo na língua portuguesa, e estão certos, quem o está introduzindo sou eu, Edmar Mammini pela primeira vez no Brasil.  Quem propôs e realmente inventou esse nome foi um senhor argentino de nome Oscar Hernandez porém em língua espanhola e eu o adotei em português dado que são línguas irmãs e têm muitos termos idênticos e com o mesmo significado. O Senhor Hernandez fez uma colheitadeira em miniatura e é operacional. Assim diz ele. Deve cortar capim! 
Eu ao terminar de fazer uma máquina de beneficiar grãos, achei por bem publicar meu trabalho.

Como já tinha feito a anos... (1998) um trator agrícola e na época o classifique como uma das máquinas a vapor de minha coleção e que estava no sítio “ Ferrimodel” cheguei a conclusão de fazer um novo sítio no qual incluirei um locomóvel, um trator agrícola, a beneficiadora de grãos e uma serra para desdobra de toras. Que sem dúvidas são máquinas agrícolas. Que é este aqui. 
O locomóvel foi usado para devastar as nossas florestas era a máquina motriz das serrarias clandestinas que devastaram o país desde 1850 até nossos dias. Ainda existem algumas em funcionamento. O trator é uma máquina tão notória que creio não necessitar explicações de sua utilidade. 
O presente artigo tem a finalidade de explicar o que é uma beneficiadora de grãos. 
Foi inventada na Escócia em 1784 por um (engineer) maquinista ou para alguns, engenheiro, para outros, dos que constroem engenhos. As vezes engenhocas, no caso uma “ Thrashing Machine” que com o tempo mudou para “Threshing Engine” e atualmente chamam em inglês de “Thresher” . Quero lembrar o leitor que a Escócia fica ao norte da Grã Bretanha, ao sul fica a Inglaterra e todos por lá falam inglês. 
Antes do advento dessa máquina os cereais eram beneficiados à mão. Arrôs, Trigo, Centeio, Milho, Cevada..... e por aí vai. A primeira máquina era acionada por dois cavalos que ficavam girando em um giral com uma canga na espalda atrelada a um eixo motor que dava movimento à máquina. Assim ficou por quase um século. Com o advento da máquina a vapor, no caso o locomóvel e posteriormente o trator, a máquina passou a funcionar por uma correia que ligava o rotor da mesma a uma polia de uma máquina a vapor. Nesse período também apareceram máquinas de beneficiar acionadas por rodas d’água. Estes tipos de máquinas eram fixas e a seara deveria ser levada até o local de beneficiamento.   
No Brasil, a maioria das máquinas de beneficiar, eram tocadas com rodas d’água, sobremaneira nas fazendas que produziam café. A água já fazia parte do tratamento do grão de café. 
Locomóveis no Brasil só foram usados em serrarias, engenhos de açúcar e álcool , lógicos algumas exceções deveriam existir. Moinhos de trigo e pastifícios também usaram muito o locomóvel ou uma máquina fixa.
A máquina que vou descrever é uma máquina móvel, tracionada por trator e também acionada no beneficiamento por um trator a vapor. O trator é uma réplica de um trator inglês de 1912 e a máquina também inglesa é de 1926. A grande vantagem desse conjunto é que o trator usava a palha e os talos das colheitas para queimar na fornalha . O mesmo se dava nas serrarias onde serragem, costaneiras e cascas eram queimadas para gerar o vapor. Nas atuais usinas de açúcar e álcool o bagaço da cana é queimado para gerar vapor para tocar toda a usina.  
A razão da escolha de máquinas inglesas se prende ao fato de somente na Inglaterra se encontra desenhos dessas máquinas já adaptados ao modelismo. Embora muito semelhante às máquinas reais certos detalhes e tamanhos já foram testados por eles.
Dessa forma não se faz necessário reinventar a roda. 
Os desenhos foram conseguidos em uma firma de modelismo chamada “REEVES”, fica em Birmingham , Inglaterra. As partes que foram necessárias serem fundidas em bronze foram fundidas pelo modelista emérito Arnaldo Bottan.
As partes feitas em madeira foram feitas de peroba, peroba centenária, tirada da demolição de antigas mansões do bairro dos “ Campos Elíseos” em São Paulo, Capital. É peroba rosa e com o tempo fica de cor entre marrão claro com tons roseados. Não possui estrias, o que dá uma autenticidade sem par a peça. A máquina foi toda envernizada para fazer sobressair a madeira. As partes metálicas foram pintadas de cor de Zarcão.  
Uma máquina de beneficiar grãos é regulável para poder beneficiar alguns tipos de grãos, nem todos grãos a mesma máquina consegue, mas em geral, metade do que se beneficia ela faz. 
Uma máquina de beneficiar é composta de um rotor que é feito de 4 a 6 discos maciços que fixam barras estriadas, giram entre 500 a 1000 RPM . Em volta do rotor existe um pente côncavo, este é ajustável sobre o rotor, não podendo contudo roçá-lo, essa distância define em parte o tipo de grão.
Através do pente côncavo traspassam os grãos já separados dos talos e palhas, mas alguns (40%) ainda com a casca. O rotor em seu movimento joga tudo em cima de 4 grelhas móveis feitas também em madeira e estas jogam os talos e parte da palha para fora da máquina. Um ventilador também ajuda nesse serviço, ele sopra entre as grelhas e o primeiro jogo de peneiras . Essa peneira deve ter o furo de acordo com o tipo de grão que se quer que atravesse a peneira. A peneira está ligada a duas bielas que vão ter a um girabrequim que transformam o movimento giratório em movimento de vai-e-vem. Dessa forma, o grão alem de passar, roça pela peneira, ajudando a tirar o que ficou de casca aderida. 
O mesmo ventilador joga para fora da máquina as cascas que se soltaram. Os grãos caem um uma segunda peneira, fazendo o mesmo processo, ai também mais cascas são retiradas e expelidas para fora. 
A segunda peneira despeja os grãos em um elevador de caçambas que eleva os grãos e os deita em um dispositivo chamado de “Chobber”; sem tradução para o português. O Chobber consiste de uma peça metálica cônica onde dentro possui uns pentes que passam raspando nas paredes.
Esses pentes tiram as películas que envolvem os grãos. A partir daí o grão já está beneficiado e é levado por arraste de uma rosca sem fim a uma peneira circular que separa o que tem ainda casca do grão limpo, o limpo vai para as ensacadeiras e o com casca volta à primeira peneira e recomeça o beneficiamento. Existe um segundo ventilador nesse estágio que expele as películas para fora da máquina. 
O modelo foi feito na escala de 1:8 . As partes metálicas como eixos e virabrequins foram feitos de aço 1045. Mancais e  polias em bronze comum.
Os mancais são todos com rolamentos de esferas, dando a máquina um rolar muito suave. A chaparia, ventiladores, caçambas , prisioneiros , porcas, parafusos, aro das rodas, bicas de ensacagem, manivelas, dobradiças e demais, foram feitos em latão.  A pintura foi em primer de poliuretano, e tinta nitrocelulose. 
As armações das peneiras foram feitas em abeto compensado de origem americana. A razão disto se prende ao fato de ser a madeira de menor densidade e maior robustez, as peneiras vibram o tempo todo e devem ser bem leves e robustas.
A peneira metálica é de alumínio. As grelhas são de pinho tipo araucária. As demais partes como já mencionado em peroba rosa. As rodas merecem um comentário particular. No desenho existem duas possibilidades de se fazerem as rodas, ou em metal ou de madeira como são as de carroça, e essa foi a minha opção. 
O que me levou a fazer essa máquina foi a vontade de diversificar minha coleção de modelos.
Comecei fazendo aeromodelos, passei a fazer barcos devido a quebra incessante dos aeromodelos, os barcos, comecei a fazê-los tocados a vapor, me encantei com as máquinas a vapor, passei a fazê-las fixas, trator, locomóvel, locomotiva, e passando a me tornar um vaporista. Para complementar o trator agrícola, fiz a máquina de beneficiar grãos. Os dois formam um conjunto muito bonito  e pertencentes ao inicio do século XX.

Quem se interessar mais por máquinas de beneficiamento de grão pode entrar no Google e verificar o que há. No Google em inglês digite “ Thresher” e lá está toda a história dessa máquina que possibilitou a existência de uma agroindústria e sem a qual seria impossível alimentar o mundo atual. 
As fotos e o desenho esquemático dão uma idéia bem boa de como é essa máquina.







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